o deslize de um carril catártico
que se entrega à fome ímpar de bocas solitárias,
pintadas em paisagens mortas de passageiros anónimos.
o consumo de horizontes em janelas baças,
corrompidas pelo gangrenar volátil do tempo
presas nos dedos que as percorrem,
sôfregos por um contacto:
maleável na sua índole.
querer viver eternamente nestas carruagens,
não ser mensageiro de olhares alheios.
saber partir para sentir o corpo ficar...
para trás, para trás, e cada vez mais para trás
até que o corpo não nos pertence mais,
pertence a camas de motéis baratos,
bancos de comboio, bancos de jardim,
pertence aos cabides onde deixo pendurada a memória do país que fui.
querer saber o que significa ser cidadão de todos os países do mundo,
sem ser de nenhum em particular,
reconhecer caras vizinhas
sabendo que amanhã as terei esquecido.
ser o país,
ser a cidade,
ser as ruas e as pessoas,
não ser turista.
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